quarta-feira, 19 de março de 2008

CARLOS VALE FERRAZ


CPLP
Literatura portuguesa «vive muito pouco de contar histórias»


A literatura portuguesa "vive muito pouco de contar histórias", considerou hoje o escritor Carlos Vale Ferraz, a propósito do lançamento do seu sétimo romance "Fala-me de África", marcado para quinta-feira em Lisboa.


"O drama é que a literatura portuguesa vive muito pouco das histórias e vive mais da literatura como exercício linguístico", sustentou.

Carlos Vale Ferraz, pseudónimo literário de Carlos Matos Gomes, nasceu em 1946, em Vila Nova da Barquinha e foi oficial do exército, cumprindo comissões durante a guerra colonial em Angola, Moçambique e Guiné nas tropas especiais "Comandos".

Autor dos romances "Nó Cego", "ASP", "De Passo Trocado", "Os Lobos Não Usam Coleira", "O Livro das Maravilhas", "Flamingos Dourados" e da novela "Soldado", Carlos Vale Ferraz tem mantido a par da produção literária a escrita de argumentos e guiões.

O romance "Os Lobos Não Usam Coleira" foi adaptado ao cinema por António-Pedro de Vasconcelos com o título "Os Imortais" e Vale Ferraz é autor do argumento do filme "Portugal SA", de Ruy Guerra, além de ter colaborado com Maria de Medeiros no guião do filme "Capitães de Abril".

O romance que vai ser lançado na quinta-feira, "Fala-me de África", editado pela Casa das Letras, começou a ser escrito em 2004 e com base na ideia original escreveu o guião da série de televisão "Regresso a Sizalinda".

"Começou a ser escrito em 2004. Eu queria fazer este romance sobre África e depois de ter falado com o meu amigo (e realizador) Luís Filipe Rocha, ele disse que isto dava uma excelente série de televisão. A partir daí o romance desenvolveu-se como uma série de televisão, e foi depois da série já estar praticamente acabada, toda escrita, que escrevi o romance", disse.

Completamente reescrito, "Fala-me de África" e "Regresso a Sizalinda" têm finais diferentes.

Quanto às diferenças de escrita que identifica na literatura portuguesa, Caros Vale Ferraz defende que existem dois tipos de escritores.

"Se entendermos que há dois tipos de escritores: os que escrevem literatura, porque entendem que a linguagem na forma em si mesma é aquilo que lhes interessa, eu entendo que a essência é contar uma história, ter personagens e ter dramas", manifestou.

"Nesse sentido, a minha literatura é mais visível, mais filmável do que eventualmente a de outros escritores. Mas não escrevo para ser filmado", garantiu.

"Fala-me de África" vai ao encontro da ideia que tinha para um romance tipo "África Minha", disse.

"É a ideia que existe em muitas literaturas de países que foram potências coloniais e existe na mente das pessoas que por lá estiveram. A tal ideia do mito do eterno retorno, a ideia de uma África mítica", acrescentou.

"Em África esteve muita gente. Voltou e tem essa ideia de uma África que já não existe. No fundo este romance é uma saga familiar, com pessoas divididas entre Portugal e Angola. Passa-se na segunda metade do século XX. A parte mais intensa do romance é a que diz respeito ao tempo da guerra civil, depois da independência de Angola", salientou.

Passado em Benguela, "Fala-me de África" conta a história de uma família que saiu de Portugal para o Brasil e depois vai do Brasil para Angola, quando os holandeses ocuparam o Brasil, no século XVII.

"É um pouco a história daqueles que retornaram a Portugal sem nunca cá terem estado", explicou.

Quanto à tendência nas mais recentes edições em Portugal o tema de África ser recorrente, Carlos Vale Ferraz acredita tal se deve a haver uma nova geração de escritores que passou pela experiência da guerra colonial.

"Há uma nova geração de escritores, que passou por essa experiência, uns ainda enquanto jovens na guerra colonial e outros mais jovens ainda como viajantes do mundo e foram a África ou Brasil", considerou.

"Escrevem sobre esses espaços, com grande à vontade, ao contrário da geração anterior, formada por grandes escritores, como José Saramago, Virgílio Teixeira, Fernando Namora, que como ficou encerrada aqui em Portugal não teve essa experiência. Não escreveu nem reflectiu minimamente, porque não passou por África", considerou.

"A minha geração é a primeira que o faz. Que viveu, veio, esteve envolvida nos processos de libertação, sobreviveu e há a geração a seguir que também o fez", adiantou.

A opção pelo tema África não tem a ver com qualquer tipo de ajuste de contas.

"Não tem nada a ver com traumas que eu penso, aliás, nunca existiram muito aqui em Portugal - há determinadas elites que têm -, mas de resto hoje em dia as pessoas estão a escrever à vontade, contam todo o tipo de histórias que passam por África e há uma nova geração que fala, que conta histórias à volta disso", vincou.

terça-feira, 11 de março de 2008





Domingo, 09 de Março de 2008. 15h. Sala Nietzsche

Um dos elementos da mais conhecida gataria nacional (Gato Fedorento) escreveu; Luís Fazenda ilustrou e a editora Tinta da China publicou Boca do Inferno – a compilação das crónicas de Ricardo Araújo Pereira, trazidas a lume entre 2004 e 2007, pela revista Visão. A Tertúlia às Voltas convidou o humorista para falar do seu livro, na Fábrica Braço de Prata. No final do debate, propusemos ao comediante feito cronista, ou vice versa, falar a sério do humor em Portugal. Estivemos quase a conseguir…


Fábrica Braço de Prata: Ricardo, é uma pressão para si ser engraçado o tempo todo?
Ricardo Araújo Pereira (RAP): Hum… quer dizer, isto não é um fardo especialmente pesado. A prova disso é que eu não sou engraçado o tempo todo. Aliás, é mesmo muito raro! Mas não posso dizer que sinta esse fardo do humorista que está obrigado a ser engraçado e tal… Isto é mais divertido do que penoso.

FBP: Veio à Fábrica apresentar o livro Boca do Inferno, ‘um livro essencialmente para compreender o nosso tempo, especialmente da parte da tarde’. O que é que lhe falta para compreender a parte da manhã?
RAP: Normalmente eu estou a dormir da parte da manhã e portanto não estou tão atento aos acontecimentos nessa altura do dia. Mas segundo dizem, não acontece nada de especial de manhã.

FBP: Desde os primórdios do teatro que o género trágico é considerado um género superior, subalternizando o género cómico. Na medida em que associamos sempre a tragédia à Catharsis; à purificação das almas por intermédio de grandes sentimentos, como o terror e a piedade. Mas o riso também pode ter uma função catártica, não pode? O riso também pode ser uma fonte de libertação…
RAP: Sim. Claro! Eu acho que de facto a comédia é considerada um género inferior. E acho que a maioria das vezes os próprios humoristas têm alguma culpa nisso. Mas penso que em termos absolutos, não há nada de inferior, por exemplo no Molière. Não há nada que torne aquilo que o Molière escreveu inferior à tragédia, por exemplo.

FBP: Talvez o público também tenha a sua culpa… Dizem que é mais fácil fazer chorar do que rir… Estamos presos ao quê?
RAP: Pois, dizem que é mais fácil fazer chorar que rir, exactamente. Eu quando comecei a escrever textos humorísticos foi porque me pagavam mais. Deve ser difícil e mais raro haver quem consiga fazê-los. E foi precisamente por isso que eu comecei a escreve-los. A grande razão foi mesmo essa.

FBP: Falar de coisas sérias a brincar é eficiente? Ou é, como nos diz o seu heterónimo Manuel Rosado Baptista, que, aliás, escreveu o posfácio do livro, uma ‘perda de tempo’?
RAP: Sabe… Há um ditado português que diz ‘não se brinca com coisas sérias’ e eu nunca compreendi essa frase. Para mim, só faz sentido brincar com coisas sérias. As que são a brincar já são a brincar, por isso não vale a pena brincar com elas. Só vale a pena ser tocado pelo olhar humorístico as coisas que são de facto sérias.

FBP: E é fácil escrever-se coisas sérias a brincar no nosso país?
RAP: Eu acho que é. A grande dificuldade é a escassez de coisas sérias que há no nosso país. Essa é a grande dificuldade: ter de andar à procura delas.

FBP: Quais são as coisas sérias, que segundo o Ricardo, faltam ao nosso país?
RAP: Era giro que houvesse um debate político ideológico mesmo a sério. Isso era uma coisa gira, por exemplo. Era giro que do ponto de vista ideológico houvessem coisas mais interessantes. Que não fosse só ‘ vocês estão a fazer mal, porque estão agora aí e eu não estou’. Quer dizer, era giro que as discordâncias não fossem só circunstanciais e que nós percebêssemos que alguém tinha uma perspectiva de rumo diferente.

FBP: Há Censura na escrita humorística?
RAP: Eu nunca senti…

FBP: E agora uma pergunta que com certeza toda a gente lhe faz, mas que não deixa de ser incontornável: quais são os limites do humor?
RAP: Eu acho que os limites do humor devem ser exactamente os mesmos que são os limites da liberdade de expressão. Não vejo razão para que seja de outra maneira. Acho que as coisas que se podem dizer num registo não humorístico devem poder ser ditas também num registo humorístico.

FBP: Voltando ao seu livro, Boca do Inferno, há algum fio condutor quando compilou e organizou as estas crónicas?
RAP: Nada. Eu atirei-as para cima da cama, as que caíram em cima foram para a primeira parte do livro, as que caíram no chão, foram para a segunda.

FBP: O título Boca do Inferno e até mesmo o próprio busto que ilustra a capa, tem qualquer coisa a fazer lembrar Gil Vicente que, entre outras coisas, foi um grande vanguardista e que revolucionou a maneira de fazer e pensar o humor e, ao mesmo tempo, de criticar os costumes nacionais. Sente-se um Gil Vicente do século XXI?
RAP: Não. Esta foi a minha única oportunidade de ter um busto. Parece-me óbvio que ninguém, no seu juízo perfeito, me vai fazer um busto. Vi aqui uma boa oportunidade para ter um. Mas realmente não me sinto nenhum Gil Vicente dos tempos modernos. No máximo eu sou um Joanne dos tempos modernos, que é o tolo, o parvo, o maluco do Auto da Barca do Inferno.

FBP: Tal como o Gil Vicente, trabalha ao serviço de algumas rainhas… Qual é a sua preferida?
RAP: Mas de que rainha é que estamos a falar?

FBP: A RTP, a SIC, a Visão, por exemplo…
RAP: Pois! Isso é verdade. Mas eu prefiro sempre a escrita ao resto.

FBP: Não se considera o Gil Vicente dos tempos modernos… Considera-se um bocadinho o Seinfeld português?
RAP: Não…não… (risos) Isto gostava eu!

FBP: É unânime: o Ricardo é um bom intérprete dos textos que escreve. Via-se a representar outros papéis?
RAP: Não. Não consigo representar Shakespeare, por exemplo. Não sou um actor. Interpreto os meus próprios textos e já é bom!

FBP: O que é que o põe de bom humor?
RAP: Eu não sou difícil de agradar. Não é difícil me porem de bom humor.

FBP: O que é que o faz rir?
RAP: Perguntam aos humoristas o que é que os faz rir, como se fossem diferentes das outras pessoas. Basicamente faz-me rir as mesmas coisas que às outras pessoas faz rir. A minha resposta não é particularmente interessante neste ponto.

FBP: O mesmo para o que faz chorar?
RAP: Ui! Muitas vezes, quando eu preciso de ir à casa de banho à noite e é escuro, piso um brinquedo de plástico das minhas filhas. Eh pá… Isso é uma das coisas principais!

FBP: De todas as qualidades que as pessoas lhe reconhecem, qual é a qualidade mais verdadeira? RAP: Talvez o facto de eu ser uma pessoa espectacular e também a humildade! Acho que são essas duas associadas.

FBP: E a sinceridade?
RAP: E a sinceridade também!

FBP: Acha que o país precisa que o Gato Fedorento tenha mais concorrência?
RAP: Ah, mais concorrência?! Não sei… Acho que no dia em que o país precise de alguma coisa relacionada connosco, o país está mesmo muito mal!

FBP: O seu primeiro capricho de estrela já teve lugar?
RAP: Não… Eu não sou dado a esse tipo de caprichos. Desde que me faça sempre transportar num helicóptero, não tenho nenhum luxo em especial…

FBP: Qual é que foi o mais bonito elogio profissional que lhe fizeram?
RAP: Sinceramente não me ocorre nenhum…

FBP: E a pior critica?
RAP: Também não estou a ver… Eu tenho uma grande capacidade de ignorar as críticas.

FBP: Qual é que é a distinção que ficaria orgulhoso de receber sem que a tivesse de reclamar?
RAP: A Águia de Ouro! É essa que eu ambiciono.

FBP: Há alguma coisa que aprecie mais nos outros do que eu si?
RAP: Sim. A capacidade de dar… Isto gosto mais nos outros do que eu mim!

FBP: Ontem comemorou-se o Dia Internacional da Mulher. Na pele de que mulher é que gostava de passar 24h?
RAP: Por dentro não tenho interesse…Sobre tenho uma lista, mas não sei se temos duas horas para eu a citar. Enfim…

FBP: Que pergunta é que gostava que eu lhe tivesse feito e não fiz?
RAP: Hum… Não sei mesmo...


Perguntas rápidas/Respostas curtas:


Melhor cronista português: Miguel Esteves Cardoso.

Melhor humorista estrangeiro: Woody Allen.

Uma cassete vídeo gasta à força de a ver? A Matulona das Meias Pretas.

Uma crónica que se tenha arrependido de escrever? Acho que não há, tenho impressão

O melhor perfume para os Gatos Fedorentos? Acho que os gatos não podem ter perfume, têm aquele odor selvagem…

O melhor perfume para o país? Eu sempre que passo na zona de Estarreja lembro-me sempre de dois ou três bons perfumes, que podiam ser vazados ali. Qualquer coisa que não cheire aquilo serve para mim.

Uma palavra aos professores? Força nisso!

Uma palavra aos benfiquistas? Eh pá… Estamos em grande, não se preocupem! (pode ser que eles acreditem…)

A melhor música para acompanhar a escrita do Ricardo? Qualquer pimbalhada!

Um quadro que levava para casa? O Menino da Lágrima, porque em principio não me prendem por roubar esse.

A melhor visão do mundo é… o Nuno Gomes com a taça dos Campeões na mão.

Televisão rima com… colchão… não sei…

O país mais fedorento da União Europeia? Estou convencido que somos nós.

O país mais engraçado da União Europeia? Também!

O Inferno na terra fica em…Vou escolher Figueiró dos Vinhos (mas sem nenhuma ofensa).

A boca do paraíso fica em… Não sei se há cá. E ainda bem…e ainda bem!

Três palavras para descrever a FBP? Ampla, espaçosa e propriedade de Luís Filipe Vieira.

O último livro que leu? The Educated Imagination do Northrop Frye. É um livro sobre… (lá está as vantagens da leitura!)

..... pela operária Tânia Ribeiro

segunda-feira, 10 de março de 2008

9 março com .... RAP





Foi boa a tarde, a conversa, as gentes que andaram à volta de 45 ! Riu-se e falou, ouviu-se e aprendeu-se um pouco. Uma tarde simples e boa, com pessoas boas e simples !! Desta vez foi o Art a assistir em telemóvel/conferência. Voar dá nisto ... falar à volta de livros, faz voar também !!

quarta-feira, 5 de março de 2008

ÀS VOLTAS COM A TERTÚLIA

No próximo Domingo, dia 9, às 15 horas, vamo-nos encontrar na fábrica de Braço de Prata para a Tertúlia de Março. O nosso convidado será o Ricardo Araújo Pereira que falará sobre o seu livro “ A Boca do Inferno” e de tudo o mais que se espera de uma personalidade como ele que é, hoje, uma das figuras mais importantes da cultura portuguesa.
A notoriedade pública adquirida pelos “ Gato Fedorento” e pelo Ricardo, em particular, é fruto de uma carreira curta mas compacta e fulgurante popularizada pela participação em programas televisivos mas assente em textos escritos para outros, nas Produções Fictícias, em blogues, em jornais, revistas, na publicidade, onde a sua importância se mede pela rápida memorização popular dos ditos e dos sketches e ganha estatuto cultural porque consegue pôr a ler pessoas, jovens na sua maioria, que não têm hábitos de leitura.
Através do humor inteligente e sem cedências à vulgaridade, o Ricardo, e os amigos, conseguem divertir criticando os personagens, os actos e as cenas do filme que se vai desenrolando na actualidade do país.

domingo, 9 março ... 15 horas !!





... na Fábrica Braço de Prata , sala Nietzsche ! A nossa Tertúlia às Voltas , com o RAP himself e ... nós, todos nós, para falar, ouvir e perguntar acerca de como se escreve humor em Portugal, visitando também a ' Boca do Inferno ' ...

Coisinha a não perder !!

domingo, 2 de março de 2008

ENTRE PALAVRAS E BLOGS

São centenas as razões que nos levam a escrever, todas elas válidas. Para mim, as mais importantes prendem-se com duas necessidades eternas desde que o homem tomou consciência de si próprio: a) a de registar memórias, podendo assim comunicar com as gerações vindouras que não vai conhecer; b) preencher os buracos da solidão. Comunicando, deixando memórias registadas ou simplesmente evitando a tirania da solidão, os homens escrevem, e no acto da escrita acabam por se libertar de si próprios, isto é, alcançam patamares de existência exteriores à sua condição de simples mortais.
As últimas décadas têm vinda a registar um desenvolvimento acelerado da tecnologia, um ritmo dificilmente acompanhado pela humanidade, pelo menos no seu pleno. A leitura, o hábito de pegar e transportar os livros ficou irremediavelmente ameaçado de extinção com a chegada dos computadores, a Internet e por aí fora. Tal como noutras ocasiões, o cinema matava o teatro, a televisão matava o cinema e a rádio e vídeo killed the rádio star. O que aconteceu foi que ninguém acabou por matar ninguém, as formas de expressão e criatividade é que aumentaram, aumentando consigo o leque de escolhas ao cidadão comum. Continua a haver teatro, rádio, cinema, televisão, fotografia, … continua a haver livros. E pessoas que não prescindem do prazer da leitura, da escrita, do toque arrumado da mão num livro.
Com a explosão tecnológica foram vários os hábitos e as dimensões de trabalho e entretenimento abertas aos nossos dias. Num deles, num volte-face pouco improvável, a vontade de escrever e ler textos veio ao de cima em grande força. Pessoas de todos os quadrantes sociais e intelectuais resolveram registar através da palavra escrita, textos, diários, cadernos de rascunho, informações etc, etc. A blogosfera surgiu assim enquanto espaço universal e de utilidade permanente, onde sem se conhecerem materialmente, milhares de pessoas abriram várias janelas de comunicação entre si. A literatura, ou o exercício e partilha da palavra escrita ganhou com as novas tecnologias uma nova e improvável forma de expressão que hoje em dia se tornou uma evidência. Poetas, escritores, homens comuns unidos pelo amor às letras e às histórias exploram agora em silêncio um novo mundo com antigas ferramentas. Estamos ainda longe de avaliar o impacto dos blogs no ressurgimento dos hábitos de leitura dos cidadãos. Estamos no entanto à vontade para dizer que se ganhou um novo fôlego, de força concreta e projecção adquirida. As solidões juntaram-se e, em vez de o fazer à volta da fogueira, fazem-no à volta do espaço virtual. Um filme novo onde os verdadeiros protagonistas são as palavras, as histórias e as emoções. As pessoas os pequenos deuses desse mundo.
Assim seja.
ARTUR