sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

AS VOLTAS DA TERTÚLIA

Desde tempos remotos que os homens adquiriram o hábito de se juntarem para conversar sobre os assuntos comuns que lhes despertam interesse, imediato ou corriqueiro, ou então para discutir temas mais elaborados e restritos a espíritos irrequietos ou intelectualmente superiores. A partir de certa altura, a alguns desses encontros, mais ou menos combinados e regulares, foi posto o nome de tertúlias, não se sabe bem porquê – como acontece sempre nestas coisas -, se por influência de nome de pessoa, ou lugar, ou por outro motivo qualquer.
As tertúlias de agora não são muito diferentes na sua essência das tertúlias do passado. As motivações que levam as pessoas a sair do seu canto para se reunirem com outros mantêm-se; as diferenças, quando existem, terão hoje mais a ver com os anseios do espírito do que com necessidades materiais. A haver diferença será na importância e no uso que damos ao tempo.
Por via da natureza humana, que fez de nós uns individualistas convictos, só as carências nos levam à socialização. Antigamente, as reuniões eram a única forma de trocar ideias e de debater e resolver problemas e por isso assumiam um carácter decisivo que foi sendo perdido para os outros meios de comunicação criados à medida dos homens e dos seus interesses.
O uso do tempo continua a ser, digo eu, a questão fulcral da qualidade de vida. As solicitações que nos tentam, a carga de trabalhos em que nos metemos, as complicações e problemas que arranjamos por culpa própria, e mais tudo o que “inventamos” para nos preocupar, retiram-nos tempo para o descanso e o lazer. Hoje, ter tempo para estar à conversa sobre temas não directamente ligados ao trabalho, pode ser considerado um indicador de qualidade de vida, e de higiene mental.
As tertúlias literárias reúnem pessoas que gostam de ler e partilhar ideias sobre livros, autores e tudo o mais que vier junto. A nossa tem servido para isto, para nos vermos e conversarmos e pelos vistos e ouvidos, nós, os tertulianos, temos gostado de lá estar.
A próxima vai ser um pouco atípica porque a presença do Ricardo Araújo Pereira, nosso convidado, atrai gente que o segue para todo o lado… até para uma tertúlia literária. No entanto depende de nós, tertulianos, não deixar que aquilo se transforme numa sessão do clube de fãs do “gato”. É óbvio que contamos com a ajuda do Ricardo, que sabe como poucos lidar com a fama e saberá certamente melhor que nós lidar com o “público”, contribuindo para a prossecução dos nossos objectivos: passar uma tarde agradável, à conversa, a pretexto de um livro, um tema, ou sobre o que nos apetecer.





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1 comentário:

redjan disse...

Geeee Zé.. pegas nas coisas, entende-las e... sabes passar a coisa e ideia. Já percebi porque é TEU aquele momento também ...